A Inquisição foi, por trezentos anos, a mais eficiente máquina burocrática de repressão do mundo que assombrou o imaginário coletivo com base na pedagogia do medo. Foi fruto mais de motivações políticas do que religiosas, sendo controlada pela coroa espanhola sem a interferência do papa. E resultou extremamente rentável para seus perpetuadores. O papado havia criado uma instituição semelhante no fim do século XII. Mas a reinvenção dos "reis católicos", estabelecida para varrer os hereges de seus domínios, serviu, sobretudo, para que Fernando de Aragão e Isabel de Castela assegurassem o controle do território espanhol, marcado pela convivência, no passado, entre cristãos, judeus e muçulmanos.
No prólogo, Green dimensiona histórica e geograficamente o alcance do Santo Ofício. "De 1478 a meados do século XVIII, a Inquisição foi a mais poderosa instituição da Espanha e de suas colônias na ilhas Canárias, na América Latina e nas Filipinas. A partir de 1536, no vizinho Portugal e nas colônias portuguesas na África, na Ásia e no Brasil, a Inquisição foi preeminente durante 250 anos. Isso quer dizer que foi uma força significativa em quatro continentes por mais de três séculos.", escreve.
Ao criar um inimigo comum, fortalecia-se o poder monárquico central ainda ameaçado por influências locais não-católicas. A princípio, judeus e mouros convertidos viraram alvos; que na sequência se estenderam a hindus, luteranos, huguenotes, franco-maçons, seitas místicas, bígamos, padres fornicadores, marinheiros sodomitas, homossexuais e bruxas....
(Objetiva)
É de tirar o folego, perfeito para os amantes da História Real!
(SeR!)